terça-feira, 17 de março de 2020

Nas Manhãs: Coisas de 2019


Declaro por meio desse comunicado oficial que 2019 foi o ano das ausências. Estive longe do blog e já estou questionando até mesmo a desculpa que sustentei durante tantos meses. A falta de um notebook foi o real motivo dessas ausências? É possível que tenha catalizado alguma outra razão, mas culpá-la inteira e exclusivamente por todas essas ausências é simplificar demais a questão. Enfim, não cabe mais estruturar uma argumentação que sustente uma justificativa mais realista sobre o que houve, mas tentar compensar as postagens perdidas.

Gostaria de fazer um panorama sobre minhas leituras de 2019, assim como fiz com o ano de 2018. Em geral, foi um ano de poucas leituras, mas que significaram bastante. Mais uma vez fracassei vergonhosamente em cumprir o projeto feito no início do ano. No entanto, dessa vez me senti menos culpado. Reconheço que a minha vontade de ler alguns livros que apareceram no projeto de 2019 espantosamente. Alguns não me interessavam mais e a leitura deles, ao longo dos meses, pareceu-me cada vez mais improvável, como é o caso de A História Secreta e Kafka à Beira Mar. Digamos que a vontade de lê-los está adormecida.

Uma descoberta de 2019 que vale a pena mencionar foi a do mangá Happiness. Li os 6 volumes publicados pela editora Newpop numa febril compulsão otaku. Trata-se de um mangá de vampiros, mas com uma abordagem diferente que me surpreendeu. Até então eu não havia lido algo sobre vampiros com esta abordagem, mesclando elementos do mundo estudantil japonês e aspectos violentos e sexuais, sem qualquer piedade do leitor. O único comparativo que fui capaz de fazer foi com o filme suíço (que também é livro e está na minha prateleira) Deixe ela entrar. Há certas semelhanças no clima das histórias e no visual das vampiras, contudo, as paridades terminam aí. Já estou aguardando uma promoção do volume 7 que foi lançado recentemente. Amazon, ajuda aí!?

Ainda sobre as HQs, houve o início do meu romance com Black Hammer do Jeff Lemire. Que quadrinho incrível e diferente! Agora, já em março de 2020, já li o terceiro volume e a coisa continua incrível (em 2019, só li os dois primeiros volumes). Possivelmente, haverá uma postagem inteira para essa preciosidade. Além disso, teve uma onda de HQs que se não me encantaram, me intrigaram. Destaco Funhome, com sua densa trama familiar cheia de literatura, e Duas Vidas, que é daqueles quadrinhos feitos pra fazer nosso coração gelado derreter.

No finalzinho de 2019, aconteceu a tão aguardada leitura de Em busca de Watership Down. Esse livro despertou meu interesse desde o lançamento, tanto pela capa curiosa quanto pela sinopse que já vendia um livro com coelhos protagonistas. Foi uma leitura gratificante que me proporcionou um tipo experiência semelhante com a que tive ao ler Os Pequeninos Borrowers, por causa da escrita bastante descritiva e do cuidado ao retratar o cotidiano de seus peculiares protagonistas. Depois dessa leitura, os coelhos jamais serão os mesmos para mim, nem tão amáveis e nem tão bobos. Ao longo do ano, li Neve na Manhã de São Paulo, que me fez encarar alguns aspectos literários brasileiros de forma diferente, mais humanamente interessantes, e contribuiu para que eu puxasse um pouco de saco do Oswald de Andrade ao falar do Modernismo. Em 2019, reencontrei Jorge Amado no velho trapiche; viajei com o Arthur Less para fugir dos problemas, que nem eram tão ruins assim; acompanhei as três gerações de ursos polares que se perderam e se encontraram um sem-número de vezes; fui estraçalhado pela fera vergonhosa de Salman Rushdie; saldei dívidas com a literatura mundial e dormi uma ou duas noites na casa do sono.

Muitas coisas aconteceram em 2019. Embora ausente, estive administrando, da melhor forma possível, esses acontecimentos. É muito recompensador refletir sobre essas leituras e o desejo de falar detalhadamente de cada uma é irrefreável. Talvez (quero dizer muito provavelmente), algumas apareçam por aqui com postagens mais detalhadas sobre minhas histórias com elas.
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