sábado, 3 de março de 2018

No Cinema: O Destino de Uma Nação



Eu já sabia que O Destino de Uma Nação trataria de um dos momentos mais críticos da primeira passagem de Winston Churchill pelo cargo de primeiro ministro britânico, no entanto, eu não imaginava que seria tão interessante ver essa personalidade, esse cenário e um trecho dessa história reinterpretados. Meu contato com o Churchill não é extenso. Você pode se perguntar: o Fillipe é alienado e não sabe nada de história mundial? Eu respondo que provavelmente sim. Conforme o que me lembro, vi uma representação do Churchill pela primeira vez em um episódio de Doctor Who. Se não me engano, ele participa de mais de um episódio da série. Nesse primeiro contato, já deu pra ter uma ideia de sua personalidade pitoresca e de sua importância para a vitória ocidental na Segunda Guerra, sem esquecer, de sua contribuição para o desenvolvimento britânico. Depois, veio The Crown. Foi nela que conheci Churchill melhor e ele é, sem dúvida, um personagem intrigante. Assim, assisti a O Destino de Uma Nação esperando por uma personagem com, pelo menos, algumas daquelas peculiaridades que eu já conhecia.



O filme conta um recorte da vida de Winston Churchill a partir do momento em que ele, quase por falta de opção e contra a opinião de alguns, é escolhido como sucessor ao cargo de primeiro ministro britânico. A situação não poderia ser pior, os aliados estão em um momento desfavorável na guerra e o novo primeiro ministro teriá que lidar com a pressão do gabinete de guerra acerca de um possível acordo de  paz com Hitler e tomar decisões polêmicas e decisivas.  Logo no início, como que para avisar aos que não conhecem o jeitinho do Churchill, temos uma amostra das manias, exageros e destemperos do primeiro ministro. A personalidade do Churchill e a postura polêmica e radical que ele assume diante dos problemas é a força motriz da história e o filme se constrói a partir disso, da forma como Churchill lida com os problemas relacionados à guerra e dos conflitos morais  e pessoais que começam a assombrá-lo.



Há dois pontos sobre os quais eu gostaria de comentar. Primeiro a perspectiva dada à operação Dínamo. Eu havia sido apresentado a essa operação em Dunkirk, também indicado ao Oscar de melhor filme. Mas, nele, conhecemos a parte "de campo" do processo. Acompanhamos a convocação dos barcos civis por parte do rei e o resgate dos soldados encurralados. Em O Destino de Uma Nação, a abordagem é outra, vemos todos os impasses, incertezas e intrigas que se envolveram até que essa operação fosse executada. Descobri que ela foi fruto de um grande conflito e de seu sucesso dependia não só a sobrevivência de grande parte do exercito aliado, mas significava um passo importante na caminhada rumo à vitória do ocidente. Churchil foi quem encabeçou o planejamento da operação e teve que sacrificar a vida de alguns soldados para que muitos outros fossem salvos. Mais uma decisão controversa para o currículo do primeiro ministro. O segundo ponto são algumas tentativas exageradas de aproximar Churchill do povo, de fazê-lo mais humano e popular. Confesso que fiquei até um pouco constrangido na cena em que o primeiro ministro pega o metrô e conversa com algumas pessoas comuns. Para mim, essa cena soou muito piegas e faltou o bom gosto que está presente no restante do filme.



O Destino de Uma Nação é um recorte biográfico da vida de uma das maiores personalidades mundiais. Experimentamos um pouco da personalidade pitoresca e uma pitada da grosseira de Winston Churchill , além de acompanhamos sua difícil tarefa como primeiro ministro britânico durante a Segunda Guerra Mundial. Embora tenha conseguido dosar muito bem os elementos e recursos que humanizaram e trouxeram a figura do primeiro ministra mais para perto do povo, há momentos em que essas situações humanizantes perdem a verossimilhança e tentam, de forma equivocada, emocionar ao público produzindo cenas um pouco desconcertantes. Não posso deixar de elogiar a atuação de Gary Oldman, como Churchill, e o trabalho de caracterização convincente da equipe de maquiagem. Confesso que O Destino de Uma Nação foi melhor do que eu imaginei que seria e, além disso, fez com que eu gostasse mais de Dunkirk, por mostrar os bastidores da operação Dínamo. Digo que ele vale muito a pena e que um ótimo reencontro com o distinto Winston Churchill.


Dados Técnicos:

Título: O Destino de Uma Nação
Título Original: Darkest Hour
Direção:  Joe Wright
Ano: 2017
Duração: 2h 05min
Elenco Principal: Gary Oldman (Wiston Churchill), Kristin Scott Thomas (Clemie), Ben Mendelsohn (Rei George VI), Lilly James (Elizabeth Layton)





Compartilhe:

0 comentários:

Postar um comentário