Eu já sabia que O Destino de Uma Nação
trataria de um dos momentos mais críticos da primeira passagem de Winston
Churchill pelo cargo de primeiro ministro britânico, no entanto, eu não
imaginava que seria tão interessante ver essa personalidade, esse cenário e um
trecho dessa história reinterpretados. Meu contato com o Churchill não é
extenso. Você pode se perguntar: o Fillipe é alienado e não sabe nada de
história mundial? Eu respondo que provavelmente sim. Conforme o que me lembro, vi uma representação do
Churchill pela primeira vez em um episódio de Doctor Who. Se não me engano, ele
participa de mais de um episódio da série. Nesse primeiro contato, já deu pra ter uma
ideia de sua personalidade pitoresca e de sua importância para a vitória ocidental na Segunda Guerra, sem
esquecer, de sua contribuição para o desenvolvimento britânico. Depois, veio
The Crown. Foi nela que conheci Churchill melhor e ele é, sem dúvida, um
personagem intrigante. Assim, assisti a O Destino de Uma Nação esperando por uma personagem com, pelo menos, algumas daquelas peculiaridades que eu já conhecia.
O filme conta um recorte da vida
de Winston Churchill a partir do momento em que ele, quase por falta de opção e
contra a opinião de alguns, é escolhido como sucessor ao cargo de primeiro
ministro britânico. A situação não poderia ser pior, os aliados estão em um momento
desfavorável na guerra e o novo primeiro ministro teriá que lidar com a pressão
do gabinete de guerra acerca de um possível acordo de paz com Hitler e tomar decisões polêmicas e
decisivas. Logo no início, como que para
avisar aos que não conhecem o jeitinho do Churchill, temos uma amostra das
manias, exageros e destemperos do primeiro ministro. A personalidade do
Churchill e a postura polêmica e radical que ele assume diante dos problemas é
a força motriz da história e o filme se constrói a partir disso, da forma como Churchill
lida com os problemas relacionados à guerra e dos conflitos morais e pessoais que começam a assombrá-lo.
Há dois pontos sobre os quais eu
gostaria de comentar. Primeiro a perspectiva dada à operação Dínamo. Eu havia
sido apresentado a essa operação em Dunkirk, também indicado ao Oscar de
melhor filme. Mas, nele, conhecemos a parte "de campo" do processo. Acompanhamos
a convocação dos barcos civis por parte do rei e o resgate dos soldados
encurralados. Em O Destino de Uma Nação, a abordagem é outra, vemos todos os impasses, incertezas e intrigas que se envolveram até que essa
operação fosse executada. Descobri que ela foi fruto de um grande conflito e de seu sucesso
dependia não só a sobrevivência de grande parte do exercito aliado, mas significava um
passo importante na caminhada rumo à vitória do ocidente. Churchil foi quem
encabeçou o planejamento da operação e teve que sacrificar a vida de alguns
soldados para que muitos outros fossem salvos. Mais uma decisão controversa para o
currículo do primeiro ministro. O segundo ponto são algumas tentativas exageradas
de aproximar Churchill do povo, de fazê-lo mais humano e popular. Confesso que fiquei até um pouco constrangido
na cena em que o primeiro ministro pega o metrô e conversa com algumas pessoas
comuns. Para mim, essa cena soou muito piegas e faltou o bom gosto que está
presente no restante do filme.
O Destino de Uma Nação é um
recorte biográfico da vida de uma das maiores personalidades mundiais.
Experimentamos um pouco da personalidade pitoresca e uma pitada da grosseira de
Winston Churchill , além de acompanhamos sua difícil tarefa como primeiro ministro
britânico durante a Segunda Guerra Mundial. Embora tenha conseguido dosar muito
bem os elementos e recursos que humanizaram e trouxeram a figura do primeiro
ministra mais para perto do povo, há momentos em que essas situações humanizantes perdem a verossimilhança e tentam, de forma equivocada, emocionar ao
público produzindo cenas um pouco desconcertantes. Não posso deixar de elogiar a atuação de Gary Oldman, como Churchill,
e o trabalho de caracterização convincente da equipe de maquiagem. Confesso que O Destino de Uma Nação
foi melhor do que eu imaginei que seria e, além disso, fez com que eu gostasse
mais de Dunkirk, por mostrar os bastidores da operação Dínamo. Digo que ele
vale muito a pena e que um ótimo reencontro com o distinto Winston Churchill.
Dados Técnicos:
Título: O Destino de Uma Nação
Título Original: Darkest Hour
Direção: Joe Wright
Ano: 2017
Duração: 2h
05min
Elenco
Principal: Gary Oldman (Wiston Churchill), Kristin Scott Thomas (Clemie), Ben Mendelsohn
(Rei George VI), Lilly James (Elizabeth Layton)
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